Cidade que já foi conhecida como 'capital da Aids' elimina transmissão do vírus de mãe para filho
Gestante (imagem ilustrativa) Hospital das Clínicas/Divulgação A cidade de Santos, no litoral de São Paulo, recebeu a certificação do Ministério da Saúd...
Gestante (imagem ilustrativa) Hospital das Clínicas/Divulgação A cidade de Santos, no litoral de São Paulo, recebeu a certificação do Ministério da Saúde por eliminar a transmissão vertical do HIV (de mãe para filho). A entrega oficial do título será realizada nesta quarta-feira (3), em Brasília (DF). Quem vê esse cenário talvez não imagine que o município já foi conhecido como “capital da Aids” entre as décadas de 1980 e 1990, quando liderava o ranking nacional proporcional de casos. A virada aconteceu após a criação do primeiro programa municipal de enfrentamento da doença no Brasil (veja mais clicando aqui). ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp. ATENÇÃO! Uma pessoa pode estar infectada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), mas não desenvolver a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Sem tratamento, o vírus pode evoluir para a doença, considerada o estágio mais avançado da infecção. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Segundo a prefeitura, o Ministério da Saúde analisou os dados dos últimos três anos para conceder a Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV. Apesar de o período considerado ter sido de 2022 a 2024, o último registro de transmissão do vírus de mãe para filho na cidade ocorreu em 2017. Médico alerta para risco do sexo químico na transmissão do HIV Critérios Santos precisou comprovar indicadores de impacto e processo, manter bases de dados qualificadas e passar por avaliação da Comissão Estadual de Validação (CEV). Após a validação dos documentos, o Ministério da Saúde enviou uma equipe nacional a Santos entre os dias 15 e 17 de setembro. Os profissionais visitaram unidades administrativas e de saúde para verificar o trabalho realizado pelos servidores municipais. Equipe nacional de validação do Ministério da Saúde esteve Santos (SP), entre os dias 15 e 17 de setembro. Francisco Arrais/Prefeitura de Santos/Divulgação Segundo a prefeitura, 59 municípios e sete estados serão reconhecidos com certificados e placas por alcançarem a eliminação ou receberão selos de boas práticas por avançarem rumo à erradicação da transmissão vertical de HIV, sífilis e/ou hepatite B. A entrega das certificações integra o Dezembro Vermelho, mês de conscientização sobre HIV e Aids, e ocorre em um ano histórico: o Brasil alcançou as metas de eliminação da transmissão vertical e celebra 40 anos da resposta nacional à doença. 1º Seminário Santista sobre Aids, considerado o marco inicial da Redução de Danos no Brasil Arquivo Pessoal Ações em Santos Na rede municipal santista, a gestante recebe acompanhamento desde a confirmação da gravidez até o parto. São realizados ao menos seis exames para detecção do HIV durante a gestação: 1️⃣Teste rápido no início do pré-natal, com o de sífilis. 2️⃣Exame laboratorial com parâmetros adicionais, além do HIV. 3️⃣Coleta no 1° trimestre de gestação. 4️⃣Repetição da bateria de exames na 28ª semana. 5️⃣Novo teste rápido para detecção de HIV entre a 32ª e 34ª semana. 6️⃣ Teste rápido final na maternidade, antes do parto. O companheiro da gestante também passa por exames. Desde 2023, a rede municipal oferece check-up completo, incluindo HIV, sífilis, hepatites B e C, hemograma, lipidograma, glicemia, pressão arterial e atualização da carteira de vacinação. Equipe nacional de validação do Ministério da Saúde esteve Santos (SP), entre os dias 15 e 17 de setembro. Francisco Arrais/Prefeitura de Santos/Divulgação Segundo a prefeitura, o pré-natal do parceiro não é preconizado pelo Ministério da Saúde, mas busca incentivar a participação ativa do homem na gestação e fortalecer a paternidade responsável. Quando a mãe é identificada com o vírus, recebe orientação sobre cuidados para evitar a transmissão, como não amamentar o bebê, já que o HIV pode ser transmitido pelo leite materno. Após o nascimento, o bebê inicia medidas preventivas, incluindo o uso de medicamento antirretroviral até o 28º dia de vida. A cidade também oferece fórmula para a alimentação da criança. Capital da Aids Santos já foi chamada de 'capital da Aids' porque liderava, de forma disparada, o número de casos proporcionais à população no Brasil entre os anos 80 e 90. A epidemia avançou rápido e encontrou o sistema de saúde despreparado. Na época, a doença ainda era cercada de estigma e pouca informação. O Porto de Santos teve papel central na explosão de casos, já que era uma das principais rotas internacionais do tráfico de cocaína, que era injetada. O compartilhamento de seringas entre usuários acelerou a transmissão do HIV. Isso colocou a cidade no foco nacional e internacional da crise. Além disso, a notificação dos primeiros casos ocorreu cedo e de forma intensa, fazendo Santos ser vista como epicentro da epidemia no país. O avanço rápido da doença exigiu respostas urgentes e inéditas e polêmicas, como a entrega de seringas para evitar compartilhamentos. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos