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Condenado por antissemitismo, ex-vereador Adilson Amadeu volta à Câmara de SP temporariamente

O vereador Adilson Amadeu, do União Brasil, durante discurso na Câmara Municipal de São Paulo. Afonso Braga/Rede Câmara O ex-vereador Adilson Amadeu (União...

Condenado por antissemitismo, ex-vereador Adilson Amadeu volta à Câmara de SP temporariamente
Condenado por antissemitismo, ex-vereador Adilson Amadeu volta à Câmara de SP temporariamente (Foto: Reprodução)

O vereador Adilson Amadeu, do União Brasil, durante discurso na Câmara Municipal de São Paulo. Afonso Braga/Rede Câmara O ex-vereador Adilson Amadeu (União Brasil), condenado duas vezes por antissemitismo, voltou à Câmara Municipal de São Paulo para ocupar o mandato por ao menos 30 dias. Ele assume a vaga deixada pela vereadora Pastora Sandra Alves (União Brasil), que pediu licença até 15 de dezembro por “interesses particulares”. Sem se reeleger nas eleições municipais de 2024 — quando obteve votos suficientes apenas para ser suplente —, Amadeu havia sido nomeado em outubro para atuar na Secretaria Especial de Relações Institucionais, cargo de confiança na gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Ele foi exonerado menos de um mês depois para reassumir a cadeira no Legislativo. A decisão saiu no Diário Oficial desta segunda-feira (17). Nas redes sociais, Amadeu comemorou o retorno. Ele escreveu que seguirá "honrando o compromisso de muito trabalho em defesa de todos os cidadãos paulistanos". “Estou de volta à Câmara como vereador eleito democraticamente pelo povo. Por um período determinado (provavelmente até o recesso), assumo novamente uma cadeira no Parlamento. E durante esse tempo, teremos uma série de votações importantes para nossa cidade.” Veja os vídeos que estão em alta no g1 A nomeação dele para um cargo na prefeitura havia provocado forte reação de entidades da comunidade judaica, já que o ex-parlamentar possui duas condenações por antissemitismo (leia mais abaixo). 🔍 Antissemitismo é o preconceito contra judeus, quando alguém os trata mal ou espalha ideias falsas por causa da religião ou origem. É uma forma de discriminação que pode gerar violência. Amadeu foi indicado ao cargo na prefeitura pelo secretário Alexandre Leite, deputado federal licenciado do União Brasil e filho do vereador Milton Leite, ex-presidente da Câmara. Esta grupo político que trabalha para eleger Silvão Leite como presidente da Câmara em 2026. A volta de Amadeu ocorre em um momento considerado estratégico no Legislativo paulistano. Durante o período em que ele estará na Casa, os vereadores devem votar o orçamento de 2026 e decidir a composição da Mesa Diretora, duas das decisões mais importantes do ano. O orçamento define como São Paulo vai distribuir o dinheiro público no próximo ano, e a Mesa Diretora é responsável pela administração da Casa. Segundo o Diário Oficial, a vereadora Pastora Sandra Alves ficará afastada até 15 de dezembro, quando se completam os 31 dias de licença. A prefeitura não informou por quanto tempo Amadeu permanecerá na vaga. Questionado pelo g1 sobre as razões para o afastamento, o gabinete da vereadora apenas informou que são "interesses particulares". Condenações Em 2023, o parlamentar foi condenado por propagar mensagens de ódio, intolerância e antissemitismo contra judeus em um grupo de WhatsApp após denúncias da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp). A Justiça entendeu que Amadeu cometeu racismo contra a comunidade judaica. A decisão estabelecia pena de 2 anos e 6 meses de reclusão, em regime inicial aberto, e perda de função pública. Em um áudio divulgado pela imprensa, Amadeu disse “...que é uma puta de uma sem-vergonhice, que eles querem que quebra todo mundo, para todo mundo ficar na mão do grupo de quem?! Infelizmente os JUDEUS...eu to até respondendo um processo, porque quando entra Albert Einstein e grupo Lide é que tem sem-vergonhice grande, grande. Sem-vergonhice de grandeza, de grandeza que eu nunca vi na minha vida” (sic). Em 2022, o parlamentar também foi condenado a um ano e quatro meses de prisão após xingar o colega Daniel Annenberg (PSDB) de “judeu filho da puta” e “judeu bosta”, durante a discussão de um projeto na Câmara Municipal em 11 de dezembro de 2019. O vereador do PSDB, Daniel Annenberg, em discurso na Câmara Municipal de São Paulo. Afonso Braga/Rede Câmara Como a pena é inferior a três anos de prisão, Adilson Amadeu teve a pena substituída por prestação de serviços à comunidade por igual período. Ele também foi condenado a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais a Annenberg por causa do episódio. Um dia depois do xingamento, Amadeu usou o plenário da Câmara para ler a mesma nota com o pedido de desculpas à comunidade judaica que foi enviada à imprensa. "Vou respeitar, sim, não só a colônia judaica como qualquer colônia. Mas me senti ofendido também quando o colega falou a respeito de Detran. Não falarei mais do assunto e nesse momento vou sair desse plenário e, se ele aceitar, irei lá cumprimentar e pedir desculpa. Eu sou chamado desde pequeno de português, como muitos são chamados de turcos", disse ainda em discurso. Depois disso, Amadeu foi em direção a Annenberg e deu um aperto de mão. Na decisão, a juíza Ana Helena Rodrigues Mellim, da 31ª Vara Criminal da capital paulista, considerou que Amadeu “teve a intenção de ofender a vítima, invocando aspectos relativos à sua religião” e cometendo o crime de injúria racial contra o tucano.

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