Greve dos servidores: 89% dos alunos ficam sem aulas em Vinhedo e famílias atípicas relatam impactos
Categoria protesta por reajuste salarial de 20%, acima dos 5,4% propostos pela prefeitura. Administração municipal diz que proposta do sindicato é 'financeir...

Categoria protesta por reajuste salarial de 20%, acima dos 5,4% propostos pela prefeitura. Administração municipal diz que proposta do sindicato é 'financeiramente inviável'. Greve dos servidores públicos de Vinhedo deixa 90% dos estudantes sem aulas em 29 unidades Com os servidores públicos em greve, 89,3% dos alunos em 29 unidades educacionais de Vinhedo (SP) ficaram sem aulas nesta segunda-feira (19). A categoria protesta por um reajuste salarial de 20%, acima dos 5,4% propostos pela prefeitura. Receba notícias da região de Campinas no WhatsApp Por conta da paralisação, famílias de estudantes atípicos relatam impactos na rotina. Segundo Sindicato dos Servidores Públicos do município, reajuste representa "reposição de perdas" e greve durar ao menos mais um dia. Confira abaixo. Impactos para famílias atípicas O Davi tem autismo e estuda na creche Pequeno Polegar, em Vinhedo. Ele tem hiperfoco em letras e números e, depois de não ter aula nesta segunda, a mãe percebeu a diferença para o filho. "Crianças especiais como nossos filhos, eles têm que estar ali todo dia. É tipo um tratamento, senão ele já sai do sistema dele", conta Suellen Marigo, mãe de Davi. A Renata Prado recebeu um bilhete da escola do filho, o Nathan, avisando que não teria aula, mas não concordou com a decisão por alterar a rotina do adolescente. "Hoje mudou tudo. Nós amanhecemos com um dia não legal 'pra' ele. É difícil, é complicado... não existe um porquê 'pra' ele", afirma. O profissional autônomo Alex Sandro de Araújo Cintra não trabalhou hoje para ficar com a filha, a Maria Alice, de 5 anos. Ele, porém, também reclama da possibilidade de não ter mais suporte oferecido à filha na creche que ela frequenta. "Sem aula e sem suporte também, né? Tem os auxiliares que o contrato termina agora, e vão ficar sem o suporte nas escolas. Precisa de uma pessoa pra ficar só com ela lá, pra cuidar só dela", explica. "A gente apoia, sim, o pessoal que 'tá' fazendo a greve, mas 'pra' gente não 'tá' sendo legal, porque as nossas crianças ficam sem suporte, né. Eles não podem ir 'pra' escola, que é um direito deles", afirma Ivonete Gomes Cintra, mãe da Maria Alice. Paralisações Segundo a prefeitura, até o período da tarde, 10,7% dos estudantes matriculados estiveram presentes nas 29 escolas, onde 34% dos professores estavam paralisados, bem como 43% dos profissionais de apoio. Não há informações sobre o total de alunos afetados. Ao todo, a cidade conta com 36 unidades de ensino, sendo 21 Centros de Educação Infantil (CEIs), nove escolas municipais do primeiro ao quinto ano e sete escolas municipais do sexto ao nono ano. De acordo com o Sindicato dos Servidores Públicos de Vinhedo, o reajuste de 20% representa "reposição das perdas" salariais da categoria desde a pandemia. "Com a paralisação e o congelamento dos salários dos servidores durante os dois anos de pandemia, nós tivemos uma defasagem de mais de 14%. Com os 5,4% do ano que vem agora, sai esse número de 20%. Não é aumento, é reposição das perdas do últimos anos", afirma o presidente do sindicato, Maurício Pixe Sanches. Em nota, a administração municipal afirmou que a proposta do sindicato, que inclui reajuste de 20%, além de itens como pão e café, é “financeiramente inviável e está em total desacordo com a realidade orçamentária do município, além de destoar das práticas adotadas em cidades vizinhas”. “Na manhã desta segunda-feira (19), representantes da Administração Municipal receberam um grupo de servidores independentes, que manifestaram concordância com a proposta apresentada, reconhecendo sua legitimidade, equilíbrio e coerência com a atual conjuntura financeira”, disse a prefeitura. Censo Escolar mostra precarização dos professores e descumprimento de meta nas creches Sem servidores suficientes Já em um comunicado enviado à comunidade escolar, a Secretaria de Educação informou que todas as escolas municipais “permaneceram abertas, a partir das 6h30, com as equipes gestoras prontamente preparadas para acolher os pais e responsáveis”. "Devido à adesão de profissionais à paralisação, algumas escolas não conseguiram contar com o número suficiente de servidores para atender a todos os alunos. Nesses casos, as equipes gestoras orientaram os pais a considerar a possibilidade de retornar com seus filhos para casa, com o intuito de evitar qualquer inconveniente e garantir o conforto das crianças", afirmou a pasta. Ainda de acordo com a Educação, o atendimento aos estudantes foi impactado especialmente nas escolas que atendem crianças pequenas, já que o Plano Municipal de Educação prevê um número mínimo de adultos por aluno. “Reforçamos que a Secretaria Municipal de Educação, juntamente com as equipes gestoras, está trabalhando com empenho e dedicação para garantir a continuidade dos serviços educacionais, sempre priorizando a segurança e o bem-estar de nossos alunos”, frisou. Impacto na saúde A prefeitura também informou que todas as unidades de saúde estão abertas, mas alguns serviços foram prejudicados, já que consultas e exames precisaram ser reagendados. Ao todo, 29 funcionários não trabalharam nesta segunda-feira, sendo que dois eram do serviço de urgência. A sala de vacina no Jardim Três Irmãos foi fechada. Greve dos servidores de Vinhedo Arquivo pessoal VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas