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Guarda Civil denuncia racismo em loja de Suzano: ‘me achou suspeito pelo tom da minha pele’

Caso foi registrado na delegacia Central de Suzano Alessandro Batata/TV Diário “Quando eu entrei na loja, ele já me achou um sujeito suspeito pelo tom da mi...

Guarda Civil denuncia racismo em loja de Suzano: ‘me achou suspeito pelo tom da minha pele’
Guarda Civil denuncia racismo em loja de Suzano: ‘me achou suspeito pelo tom da minha pele’ (Foto: Reprodução)

Caso foi registrado na delegacia Central de Suzano Alessandro Batata/TV Diário “Quando eu entrei na loja, ele já me achou um sujeito suspeito pelo tom da minha pele”, desabafou o Guarda Civil Municipal (GCM) de Mogi das Cruzes, Jonatas Santos Silva Junior que denuncia ter sido vítima de racismo em uma loja de Suzano. A Obramax informou que determinou à empresa terceirizada que cuida da segurança a realização de um treinamento adicional aos funcionários e o afastamento do segurança (leia a nota completa abaixo). ✅ Clique para seguir o canal do g1 Mogi das Cruzes e Suzano no WhatsApp No Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira (20), Jonatas confidenciou que não acreditava que o racismo existia a esse ponto, mas que essa experiência mudou sua visão. “Por ser agente de segurança pública, eu fico camuflado, mas o racismo existe no Brasil. O racismo é velado, ele é encoberto, mas ele existe em todos os lugares”. O GCM contou que, na sexta-feira (14), após terminar o plantão, foi para casa, tomou banho, vestiu uma calça, uma camiseta e um chinelo, e foi até a loja para fazer um orçamento de pisos para a reforma do banheiro de sua casa. Veja também Veja os vídeos que estão em alta no g1 “Quando eu passei por um funcionário, eu vi um cesto cheio de fita isolante e fiquei com elas na mão, e fui até o vendedor do piso e perguntei se tinha três caixas de um piso específico que eu vi. Ele disse que eu não ia conseguir retirar naquela hora, só no dia seguinte de manhã. Perguntei se eles entregavam, e ele respondeu que só na terça. Aí decidi não levar e deixei as fitas isolantes em qualquer lugar e ainda vi outros itens. Estava quase fechando a loja e falei: ‘vou embora’”. De acordo com Jonatas, na saída, o segurança fechou a porta e pediu para ele devolver as fitas que tinha pego. “Eu não acreditei. Ele disse: ‘as duas fitas isolantes que você pegou, você vai ter que colocar no lugar. As fitas isolantes que você está levando aí, você vai ter que devolver. Eu falei que sou Guarda Municipal de Mogi das Cruzes e mostrei minha funcional. Ele falou: ‘não quero ver sua funcional, senão colocar as fitas isolantes no lugar, você não vai sair”, relembrou. Neste momento, o GCM contou que chamou a gerente e explicou a situação. Ela então pediu para que ele mostrasse onde havia deixado as fitas, já que disse que não estava com elas. “Eu fui humilhado, fui constrangido, privado do meu direito de sair da loja. A gerente não ouviu minha versão. Será que, se eu fosse branco, estivesse vestido melhor, não tivesse de chinelo, eu não estaria melhor, não ia ser tratado melhor?”, se indaga. Jonatas relatou que ligou para seu chefe da GCM e contou o que estava acontecendo. Uma viatura da Guarda Civil de Suzano foi para o endereço registrar a ocorrência. Quando os guardas chegaram, o segurança já não estava mais no local. No entanto, a gerente com seu advogado, e Jonatas, foram à delegacia central da cidade para registrar um boletim de ocorrência. A advogada do GCM, Cecilia Fragoso, informou que o cliente vai registrar um novo boletim de ocorrência porque a ocorrência foi registrada como não criminal e que pretende entrar com uma ação civil indenizatória. “Nós vamos fazer um boletim que verse sobre a questão racial, de injúria e de calúnia, porque foi dado a ele um crime que ele não cometeu. Nós vamos fazer a queixa crime pra que o Ministério Público verifique a possibilidade de denúncia”, pontuou. O g1 questionou e aguarda informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Jonatas relatou que, durante o depoimento do segurança na delegacia, o funcionário admitiu que o cliente foi monitorado desde o momento em que entrou na loja. “O delegado perguntou o relato dele. Ele falou que: ‘quando ele [Jonatas] entrou na loja, eu achei ele suspeito. E pedi pra central copiar ele. A central falou que perdeu ele de vista e logo depois falou que ele estava com um volume grande na cintura’”, disse Jonatas. Segundo o GCM, o volume era a arma, para a qual ele possui porte em todo o estado de São Paulo, por ser agente de segurança pública. “Quando eu decidi ser agente, eu fiz um juramento de servir e proteger, dar minha vida à população. Eu nunca sofri um preconceito desse tipo, assim de ser humilhado, foi algo terrível”. Pai de dois filhos, de 10 e 2 anos, e padrasto de uma menina de 15 anos, Jonatas disse que foi a primeira vez que sofreu racismo. Ele afirmou que agora teme pelo filho mais novo, que se parece com ele. “Se ele sofresse racismo desse tipo, eu até me emociono, eu não queria que ele passasse por isso, só pela cor do tom da pele, ser pré-julgado, nunca passei por isso”, desabafou. O que diz a Obramax "A Obramax reafirma seu compromisso inegociável com a ética, o respeito e o tratamento digno a todas as pessoas que frequentam suas lojas, sejam clientes, colaboradores ou parceiros. A empresa repudia qualquer forma de preconceito, assédio ou conduta que viole os direitos humanos e os valores da companhia. Sobre o caso ocorrido na loja de Suzano, no dia 14 de novembro, a Obramax esclarece que está colaborando com as autoridades, adotou de imediato as providências necessárias junto à empresa terceirizada responsável pela segurança da unidade, e determinou o afastamento dos colaboradores envolvidos. A companhia também ordenou a realização de um treinamento adicional para reforçar os protocolos de abordagem, com foco na promoção de um ambiente seguro, diverso, inclusivo e livre de discriminação.  A Obramax permanece à disposição para prestar esclarecimentos adicionais assim que concluir a apuração interna". Leia mais Griô senegalês mantém viva a tradição africana em Mogi das Cruzes Consciência Negra: veja o que abre e fecha nas cidades do Alto Tietê Alto Tietê tem mais de 6,4 mil vagas de emprego nesta quarta-feira; confira Veja tudo sobre o Alto Tietê

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