cover
Tocando Agora:

Guia inédito reúne orientações para reduzir conflitos entre pessoas e antas na Serra do Mar

Guia inédito reúne orientações para reduzir conflitos entre pessoas e antas na Serra do Mar Gabriel Marchi Um novo material promete ajudar a transformar con...

Guia inédito reúne orientações para reduzir conflitos entre pessoas e antas na Serra do Mar
Guia inédito reúne orientações para reduzir conflitos entre pessoas e antas na Serra do Mar (Foto: Reprodução)

Guia inédito reúne orientações para reduzir conflitos entre pessoas e antas na Serra do Mar Gabriel Marchi Um novo material promete ajudar a transformar conflitos em convivência. Pesquisadores do Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar lançaram, em novembro, o “Guia de Coexistência entre pessoas e antas”. A publicação é inédita no Brasil e reúne orientações práticas para diminuir ameaças e interações negativas entre humanos e a anta (Tapirus terrestris), o maior mamífero terrestre do país e atualmente ameaçado de extinção. Voltado a gestores de Áreas Protegidas, comunidades locais, produtores rurais, estudantes, pesquisadores e demais interessados, o guia é resultado de 11 anos de pesquisas sobre a espécie e da primeira iniciativa estruturada de intervenção voltada à redução de conflitos humano-anta na Serra do Mar. A obra está disponível para download gratuito. Publicação reúne orientações práticas para diminuir ameaças e interações negativas entre humanos e a anta, o maior mamífero terrestre do país e atualmente ameaçado de extinção. Gabriel Marchi Ao longo dos capítulos, a publicação apresenta um panorama das principais ameaças enfrentadas pela anta no Brasil e na América Latina, como a caça, atropelamentos, mortes por retaliação devido a prejuízos em lavouras e ataques de cães domésticos. O material também traz informações sobre a biologia da espécie, orientações para cultivo sustentável, procedimentos em casos de encontro com o animal ferido ou morto e aponta caminhos para transformar a presença da anta em oportunidade, como o turismo de observação de fauna. Alternativas para o campo Um dos destaques do guia é o capítulo dedicado aos produtores rurais. Nele, são apresentadas soluções para proteger as plantações, entre elas a instalação de barreiras físicas, como cercas elétricas, capazes de impedir o acesso das antas aos cultivos. A medida ajuda a evitar prejuízos econômicos, reduz a rejeição à fauna silvestre e contribui para diminuir casos de abate por retaliação. Guia contém soluções para proteger as plantações, entre elas a instalação de barreiras físicas capazes de impedir o acesso das antas aos cultivos Arquivo/Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar As recomendações se baseiam em experiências desenvolvidas pelo Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, dentro da frente de atuação de Coexistência Humano-Fauna, no município de São Miguel Arcanjo, no interior de São Paulo, junto a produtores de uva da região. Segundo Mariana Landis, coordenadora de Coexistência Humano-Fauna do programa, o projeto é fruto de mais de uma década de estudos sobre as interações entre pessoas e antas, incluindo o mapeamento de áreas prioritárias para intervenção e um planejamento estratégico focado em reduzir conflitos. “Existem diferentes possibilidades de intervenção, mas o cercamento elétrico foi a alternativa exitosa nessa região. Este guia reúne todas as boas práticas desse projeto, e que podem ser adaptadas em outras localidades que tenham cenários similares”, afirma. Produtores de uva de São Miguel Arcanjo (SP) participaram de palestras com pesquisadores Arquivo/Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar “Ter um guia que apresente soluções para reduzir essas interações negativas é uma maneira de fortalecer as pessoas, especialmente as comunidades locais, para que atuem de forma ativa na proteção da fauna e na preservação de seus próprios meios de vida”, acrescenta a pesquisadora. Convivência como caminho para a conservação Além das medidas práticas, o guia reforça uma abordagem mais ampla de coexistência entre humanos e fauna silvestre. Para Landis, pensar a conservação da anta exige considerar também as pessoas que compartilham o território com o animal. “A abordagem de coexistência humano-fauna permite um olhar ético para as interações entre humanos e animais silvestres, considerando a conservação das espécies, mas também o as pessoas envolvidas para que a conservação seja efetiva. Para falar da conservação da anta, não podemos ignorar o fator humano”, reforça. Entre as principais ameaças enfrentadas pela anta no Brasil e na América Latina, estão a caça, atropelamentos e mortes por retaliação devido a prejuízos em lavouras Gabriel Marchi Outro capítulo chama a atenção para as oportunidades associadas à presença da espécie, com destaque para a observação de fauna como alternativa de geração de renda e fortalecimento da conservação. “Com amplo arcabouço técnico-científico, construímos de forma coletiva e participativa as ações que geraram resultados e que agora podem ser replicadas. Além de visar a redução e prevenção dos conflitos humano-fauna, também mapeamos as oportunidades para potencializar nossos esforços de conservação, como a observação de fauna”, explica Landis. “Queremos que a presença da anta passe de um problema para uma oportunidade, que as pessoas tenham orgulho de compartilhar do mesmo espaço com elas. O guia traz um exemplo real, viável e já em andamento”, completa. Ela se refere ao Projeto Anta à Vista, desenvolvido na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Trápaga, em São Miguel Arcanjo (SP). A iniciativa é a única na Mata Atlântica dedicada à observação de antas em vida livre e apresenta alta taxa de sucesso nos avistamentos. Ganhos para a biodiversidade e para as comunidades Para Felipe Feliciani, analista de Conservação do WWF-Brasil, o guia preenche uma lacuna importante quando o tema é a convivência com antas. “Temos muitos exemplos exitosos em outros países e regiões do Brasil onde a WWF tem atuação com projetos de coexistência humano-fauna. No entanto, há uma lacuna de conhecimento e boas práticas quando se trata de antas”, avalia. Presença da anta é essencial para a formação e manutenção da biodiversidade dos habitats em que ela ocorre Gabriel Marchi Segundo ele, a publicação reúne ações pioneiras capazes de apoiar comunidades que convivem com populações importantes da espécie, muitas vezes em contextos sociais complexos. “Com esse guia, conseguimos levar alternativas e conhecimento para auxiliar localidades a minimizar, mitigar ou evitar conflitos com antas. Esta é mais uma iniciativa que a WWF-Brasil se orgulha em poder contribuir, impactando positivamente não só a conservação da biodiversidade brasileira, mas também comunidades locais”, finaliza. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

Fale Conosco