Ministro da Saúde assina contrato para compra da Butantan-DV, primeira vacina brasileira de dose única contra a dengue
Contrato assinado pelo Ministério da Saúde e o Instituto Butantan garante a chegada das primeiras doses João Risi/MS O ministro da Saúde Alexandre Padilha a...
Contrato assinado pelo Ministério da Saúde e o Instituto Butantan garante a chegada das primeiras doses João Risi/MS O ministro da Saúde Alexandre Padilha assinou nesta sexta-feira (19) o contrato de aquisição das primeiras doses de vacina Butantan-DV, primeira vacina de dose única contra a dengue no mundo produzida pelo Instituto Butantan. No dia 8 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou o registro da vacina. A publicação oficializou a conclusão do processo regulatório e permitiu a produção e a comercialização do imunizante, que será ofertado exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde. Com o acordo, serão investidos R$ 368 milhões para o fornecimento inicial de 3,9 milhões de doses do imunizante à rede pública. No momento da assinatura, 300 mil doses foram embaladas para serem entregues à pasta. Esse quantitativo faz parte de um total de 1,3 milhão de doses já fabricadas e que serão destinadas prioritariamente aos profissionais da Atenção Primária à Saúde de todo o país, que atuam na linha de frente do SUS. Estão incluídos agentes comunitários de saúde, agentes de combate às endemias, enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos que realizam visitas domiciliares. Essa estratégia deve começar no fim de janeiro de 2026. “Hoje é um dia de grande vitória para o Brasil. Como ministro da Saúde, eu não queria encerrar o ano sem firmar este contrato. Este é um dos marcos de um ano de importantes recordes na área da saúde, fruto do trabalho com o Instituto Butantan. A assinatura é essencial para garantir que as vacinas cheguem ao Ministério da Saúde e sejam distribuídas em todo o país”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Em seu discurso, Padilha destacou ainda que a vacina foi desenvolvida com capacidade técnica e o trabalho conjunto de pesquisadores, trabalhadores e servidores do Instituto Butantan. Brasil ganha 1ª vacina de dose única contra a dengue; Anvisa aprova imunizante do Butantan Com a chegada das doses, também no primeiro mês do ano, o Ministério da Saúde adotará estratégia de vacinação para avaliar o impacto do imunizante na dinâmica populacional da dengue. Para isso, será realizada uma ação de aceleração da vacinação em dois municípios-piloto: Botucatu (SP) e Maranguape (CE). Nessas localidades, o público-alvo será composto por adolescentes e adultos de 15 a 59 anos. Uma terceira cidade, Nova Lima (MG), também poderá integrar a estratégia. O público prioritário para a vacina foi definido após reunião técnica com especialistas da área, conforme recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento de Imunização (CTAI), responsável pelas análises e pela definição das estratégias. Por ser de dose única e contar com esquema vacinal simples, o imunizante facilita a adesão e garante maior eficácia em menos tempo, ampliando a proteção da população. Ele protege contra os quatro tipos de vírus da doença. Com parceria internacional, oferta da vacina deve crescer em até 30 vezes A vacinação da população em geral começa com o aumento da produção de doses, a partir de uma parceria estratégica entre Brasil e China, com a transferência da tecnologia nacional desenvolvida pelo Instituto Butantan para a empresa chinesa WuXi Vaccines. Com essa cooperação, a produção da vacina nacional poderá aumentar em até 30 vezes. O início da estratégia será pelos adultos a partir de 59 anos, com ampliação gradual para faixas etárias mais jovens, até alcançar o público de 15 anos. A vacina apresenta 74,7% de eficácia contra a dengue sintomática em pessoas de 12 a 59 anos, além de 89% de proteção contra formas graves e com sinais de alarme. Investimentos, produção nacional e transferência de tecnologia O desenvolvimento da vacina contra a dengue contou com investimento de R$ 130 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de aportes permanentes do Ministério da Saúde, que destina mais de R$ 10 bilhões anuais para o fortalecimento de laboratórios públicos e da produção nacional de imunizantes estratégicos para o SUS. Com a vacina da dengue e parceria com a China, esse investimento deve chegar a R$ 15 bilhões. No âmbito do Novo PAC Saúde, estão previstos mais de R$ 1,2 bilhão para a ampliação da capacidade produtiva do Instituto Butantan, incluindo a infraestrutura necessária para a fabricação da vacina contra a dengue. O SUS também oferece a vacina contra a dengue do laboratório japonês, indicada para adolescentes de 10 a 14 anos e aplicada em duas doses. Desde a incorporação, em 2024, 7,4 milhões de doses já foram aplicadas. Entre 2024 e 2025, foram 11,1 milhões de doses distribuídas e 7,8 milhões aplicadas. Cenário epidemiológico Em 2025, o Brasil registrou redução de 75% nos casos prováveis de dengue e de 72% nos óbitos, em comparação com 2024. Apesar do avanço, o combate ao Aedes aegypti e a manutenção das ações de prevenção seguem sendo fundamentais. Em novembro, o Ministério da Saúde lançou a campanha nacional “Não dê chance para dengue, zika e chikungunya”, voltada à prevenção das arboviroses e ainda em andamento. O enfrentamento dessas doenças exige ação conjunta entre governo e sociedade. Entre as principais medidas de prevenção estão: uso de telas em janelas e repelentes em áreas de transmissão reconhecida; remoção de recipientes que possam se tornar criadouros; vedação de reservatórios e caixas d’água; limpeza de calhas, lajes e ralos; adesão e apoio às ações de prevenção e controle realizadas pelos profissionais do SUS. Ampolas da vacina contra dengue desenvolvida pelo Butantan Camilla Carvalho/Instituto Butantan Estudos A Butantan-DV vem sendo desenvolvida há mais de uma década em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIH). O pedido de registro foi apresentado à Anvisa em 16 de dezembro de 2023. A aprovação ocorreu após cinco anos de acompanhamento dos voluntários na fase 3 dos ensaios clínicos. Segundo o instituto, nos estudos de fase dois, a vacina demonstrou 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática. Já na terceira fase de estudos, a eficácia chegou a uma proteção de 89% contra dengue grave e dengue com sinais de alarme, além de eficácia e segurança prolongadas por até cinco anos. Sintomas da dengue arte/g1