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Pai que acionou PMs armados por desenhos de matriz africana feitos pela filha em escola também é policial em SP

PMs vão à escola em SP com metralhadora após pai reclamar de desenhos de matriz africana O pai que acionou policiais militares armados para entrar na Emei An...

Pai que acionou PMs armados por desenhos de matriz africana feitos pela filha em escola também é policial em SP
Pai que acionou PMs armados por desenhos de matriz africana feitos pela filha em escola também é policial em SP (Foto: Reprodução)

PMs vão à escola em SP com metralhadora após pai reclamar de desenhos de matriz africana O pai que acionou policiais militares armados para entrar na Emei Antônio Bento, na Zona Oeste de São Paulo, após se incomodar com desenhos de matriz africana feitos pela filha, é um PM da ativa, confirmou a Secretaria da Segurança Pública (SSP). A ação resultou na presença de 12 PMs dentro da escola, segundo relatos de testemunhas, um deles portando uma arma de alto calibre. O nome do militar consta no Portal da Transparência do governo estadual — ele aparece como soldado de 1ª Classe da Polícia Militar. Seu nome não será divulgado para preservar a identidade da criança. Uma servidora ainda afirma que foi pressionada contra a parede e teve uma arma encostada em seu corpo durante a abordagem, que teria durado cerca de 20 minutos. Procurada pelo g1, a SSP informou que a Polícia Militar instaurou um procedimento para investigar a conduta da equipe e que a Corregedoria da PM permanece à disposição para receber denúncias ou informações que ajudem nas investigações. A pasta diz que apenas quatro PMs da 2ª Cia do 16º BPM/M atuaram na ocorrência no interior da escola. Testemunhas relataram que um dos policiais teria gritado “várias vezes”. A funcionária afirma que os PMs permaneceram dentro da unidade “por mais de uma hora” e que pais e mães de estudantes presenciaram toda a cena. O episódio aconteceu em 11 de novembro, depois que o pai acionou a PM dizendo que a filha estaria sendo obrigada a participar de “aula de religião africana” por causa de um desenho com o nome “Iansã”, orixá ligado aos ventos e às tempestades. Ainda segundo a SSP, a funcionária da escola registrou um boletim de ocorrência por ameaça contra o pai, que, por sua vez, também registrou BO negando ter danificado um painel da escola ao retirar um desenho da filha. A funcionária relata que explicou aos policiais que a escola trabalha com “currículo antirracista, documento oficial da rede” e desenvolve propostas que apresentam às crianças elementos da cultura afro-brasileira. Representante da Rede Butantã, a jornalista Ana Aragão afirmou que a situação gerou “muita indignação”. “Quem assediou foi o próprio comandante de área da PM, lamentavelmente. O pai da aluna rasgou todos os desenhos que estavam no mural da escola, feitos pelos próprios alunos”, disse. Moradores da região elaboraram um abaixo-assinado em defesa da escola e dos profissionais da Emei Antônio Bento. O documento expressa “integral e irrestrito apoio” ao corpo docente e acusa os policiais de orientarem a comunidade escolar “de forma errônea e racista” ao classificarem o trabalho pedagógico como inadequado. “Repudiamos veementemente qualquer forma de intolerância religiosa, racismo ou discriminação, e defendemos o direito de todas as crianças a uma educação plural, inclusiva e livre de preconceitos”, diz o texto. Entre as medidas solicitadas no abaixo-assinado estão: apuração e responsabilização do pai que danificou materiais e acionou a PM; investigação da conduta dos policiais por possível abuso de autoridade; ações de formação sobre diversidade e combate ao racismo destinadas ao pai e aos policiais envolvidos. Em nota, a Secretaria Municipal da Educação afirmou que explicou ao pai da estudante que o trabalho apresentado pela filha integra uma produção coletiva do grupo e faz parte de propostas pedagógicas previstas no Currículo da Cidade, que determina o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena. A pasta não se manifestou sobre a atuação dos policiais dentro da escola. EMEI Antônio Bento, na Zona Oeste de SP Reprodução/Google Street View

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