Vereador preso abusava de 'mulheres extremamente vulneráveis' em troca de cesta básica, diz delegada
Vereador preso abusava de mulheres vulneráveis em troca de cesta básica, diz delegada Delegada da defesa da mulher de Piracicaba (SP), Olívia dos Santos Fons...
Vereador preso abusava de mulheres vulneráveis em troca de cesta básica, diz delegada Delegada da defesa da mulher de Piracicaba (SP), Olívia dos Santos Fonseca afirmou nesta quarta-feira (3), em entrevista exclusiva à EPTV, afiliada da TV Globo, que o vereador Cássio Luiz Barbosa, conhecido como Cássio Fala Pira (PL), tinha um modus operandi para a prática de crimes sexuais e que eles ocorriam desde 2015. O parlamentar, que foi eleito pela primeira vez em 2020, está preso desde outubro e, nesta quarta, a prisão temporária foi convertida em preventiva. Além disso, é investigado, em outro inquérito, por suposta posse de material de abuso infantil. Ele nega as acusações. "O que nós temos são relatos de mulheres extremamente vulneráveis que foram envolvidas em situações de abusos e situações degradantes em troca, às vezes, de cesta básica, de qualquer ajuda. São todas mulheres vulneráveis e todas foram atrás dele para procurar ajuda", afirmou Olívia. A delegada explicou que a atuação da polícia está concluída e, agora, o caso segue para o Ministério Público e Justiça. No entanto, novas vítmas podem procurar a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade para fazer novas denúncias. 📲 Siga o g1 Piracicaba no Instagram Vereador de Piracicaba denunciado por crimes sexuais tem prisão convertida em preventiva "A Polícia Civil ouviu 25 mulheres - entre vítimas e testemunhas -, aproximadamente, aprendeu objetos, celulares, notebooks, juntamos laudos, juntamos prints de conversas. É um inquérito bem robusto. As acusações são verossímeis, elas são parecidas, porque o modus operandi do agressor era parecido, o que é muito comum nos casos de crimes sexuais", afirmou a chefe de polícia. A Promotoria considerou que 12 mulheres sofreram importunações sexuais ou estupro e o denunciou à Justiça. "Com relação às outras vítimas - porque eu disse que foram ouvidas 25 mulheres -, alguns casos foram arquivados, porque, na época que os fatos foram praticados, ainda não havia previsão legal da importunação sexual. É importante a gente dizer que as condutas começaram em 2015 e são investigadas até hoje. E a nossa lei de importunação sexual é de 2018", explicou a delegada. Apesar do arquivamento do caso delas, a chefe de polícia afirmou que seus relatos corroboram a versão de todas as mulheres que foram ouvidas no inquérito. "Ninguém está falando aqui com relação ao serviço como funcionário público da cidade de Piracicaba. Nós estamos falando da utilização desses serviços para abusar de mulheres vulneráveis. Todas as vítimas foram procuradas por esse cidadão para serem ajudadas por esse cidadão", completou. Delegada Olívia dos Santos Fonseca, da DDM de Piracicaba Heitor Moreira/ EPTV Relembre o caso Cássio Fala Pira foi denunciado por 12 mulheres por estupro e importunação sexual. Em um dos casos, mostrado com exclusividade pela EPTV, afiliada da TV Globo no dia 2 de outubro, a denunciante afirmou que os abusos aconteceram dentro do gabinete do vereador na Câmara Municipal, quando o acionou porque precisava de emprego. Ela relatou que o parlamentar teria tocado em partes íntimas do seu corpo e colocado as mãos dela à força nas partes íntimas dele. E que o abuso aconteceu depois que ela o acionou porque procurava um emprego. Em outro caso, também revelado pela EPTV, a denunciante disse que foi abusada duas vezes, em situações nas quais o vereador teria lhe oferecido cesta básica e um emprego. Uma terceira denunciante relatou à Polícia Civil que conhece Cássio devido a ações políticas dele em seu bairro e que o parlamentar, em diferentes vezes, fez comentários sexuais sobre seu corpo e, em um dos episódios, passou a mão em sua cintura e quadril. A Polícia Civil cumpriu quatro mandados: um de prisão, na casa do parlamentar, e outros três de busca e apreensão, em um escritório de Cássio localizado no bairro Vila Sônia e em seu gabinete na Câmara Municipal. Foram apreendidos computadores e celulares. Cássio foi levado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Piracicaba e ao Instituto Médico Legal para a realização de exames. O vereador ficou preso no 1º DP e, depois, foi transferido ao complexo prisional de Tremembé (SP). Segundo a Câmara Municipal de Piracicaba, a convocação do suplente - que é Fabrício Polezi - para substituir o vereador só ocorrerá se o parlamentar ficar fora do cargo por mais de 120 dias. Com a prisão temporária, Cássio pediu afastamento sem remuneração até 16 de dezembro e o pedido foi aprovado em plenário por 19 votos a 1. No entanto, no dia 13 de outubro, a Câmara publicou um ato da presidência que suspende a função pública do parlamentar. A medida cumpriu determinação judicial. Em comunicado, a Câmara declarou que acompanha de perto o "desenrolar dos acontecimentos" e todas as medidas administrativas e regimentais cabíveis serão tomadas. Em nota, o Diretório Municipal do Partido Liberal (PL) de Piracicaba reconheceu a gravidade das denúncias e afirmou que, se foram confirmadas, vai abrir processo disciplinar que poderá levar à expulsão do parlamentar da legenda. Vereador Cássio Fala Pira é acompanhado por policial após prisão Reprodução/ EPTV O que diz a defesa Em nota, a defesa de Cássio Fala Pira afirmou que o vereador "recebeu com perplexidade a decisão que decretou sua prisão preventiva, após ter sido inicialmente detido em caráter temporário sem que lhe fosse oportunizada a apresentação de defesa". Também sustentou que ele sempre colaborou com as autoridades e jamais praticou qualquer crime. "Agora [o vereador] vê sua honra e reputação gravemente comprometidas por ilações infundadas e midiáticas, destituídas de provas materiais ou circunstanciais que possam sustentar as acusações que lhe foram imputadas. A defesa reafirma a absoluta inocência do Vereador Cássio Luiz Barbosa em relação às acusações de natureza sexual que lhe são atribuídas, imputações estas desprovidas de respaldo probatório e apresentadas sem que ao acusado fosse garantida a possibilidade de contrariá-las", acrescentou. "Confiamos plenamente na Justiça e estamos certos de que a verdade será devidamente restaurada ao longo da instrução processual, cumpre salientar que as medidas cautelares de prisão, sejam preventivas ou temporárias, possuem natureza excepcional, conforme previsto na Constituição Federal e na legislação processual penal, devendo ser aplicadas somente em hipóteses de real necessidade, observados os critérios de proporcionalidade, adequação e indispensabilidade", completou. Vereador preso é investigado por posse de imagens de abuso infantil Vereador de Piracicaba se pronuncia sobre denúncias de crimes sexuais Cássio Fala Pira acompanha polícia durante cumprimento de mandados de busca Reprodução/ EPTV Veja mais notícias no g1 Piracicaba